quinta-feira

Torres Novas, a minha terra

Publicada por Ana Isabel Pedroso
Quero partilhar mais um bocadinho da minha autobiografia.


A minha terra, Torres Novas
“A diversão é necessária a uma vida humana.” - (S. Tomás de Aquino)
Brasão da Cidade

Ordenação heráldica do brasão e bandeira
Publicada no Diário da República, III Série de 07/08/1986



Figura 3 – Brasão da cidade de Torres Novas


Armas: Escudo vermelho, um castelo de ouro aberto e iluminado de verde, cortador por três faixas ondadas, duas de prata e uma de azul. A torre central, rematada por um braço armado de prata empunhando uma maça de armas de ouro. Coroa mural de prata de cinco torres. Listel branco com a legenda a negro: “TORRES NOVAS” .



A sua localização



Figura 4 – Mapa do Concelho de Torres Novas


O concelho de Torres Novas tem uma área de 279 Km2 e cerca de 37.000 habitantes e 17 Freguesias.

Está inserido na sub-região do Médio Tejo, fazendo parte, em termos turísticos, à Região de Turismo dos Templários, Floresta Central e Albufeiras.

A norte situam-se os concelhos de Tomar e Ourém, a poente novamente Ourém e Alcanena, a sul pelos concelhos de Santarém e Golegã e a nascente o concelho do Entroncamento.

É banhado pelo rio Almonda cuja nascente se situa na serra de Aire, que o delimita a noroeste.

Torres Novas situa-se numa área de acesso central onde se encontra uma zona de confluência de importantes vias rodoviárias.
Assim, o território é atravessado pela A 232 que faz no concelho a sua ligação à A 1. É ainda servido pela EN 3 e EN 349.
Além das rodovias nacionais, todo o território concelhio é percorrido por vários estradas e caminhos municipais que permitem ter acesso a todas as suas freguesias.

A cidade de Torres Novas é ainda servida por um caminho-de-ferro, estando a sua estação situada a 5 km, em Riachos. Também conta com um terminal de camionagem que assegura uma boa rede de transportes públicos bem direccionada.



Dos primórdios até ao reinado do Rei D. Sancho e o foral de Torres Novas



Pensa-se que o concelho de Torres Novas teve a sua ocupação humana nos tempos da mais longínqua pré-história, conforme podemos ver pelos inúmeros achados arqueológicos.

No ano 1154, ano de nascimento de D. Sancho, seu pai Afonso Henriques tratava várias frentes de luta. Por um lado, as batalhas a sul com os muçulmanos e por outro, o esforço de povoar as zonas estratégicas de fronteira.

E ainda os esforços diplomáticos constantes com os outros reis da Península Ibérica para tentar garantir a paz entre os cristãos, assim como a já longa batalha junto do Papa, para que Portugal fosse considerado como reino independente. Resumindo, eram tempos de total instabilidade e de alerta. D. Sancho cresce com este sentimento e desde cedo, habitua-se a liderar as hostes e acompanhando o pai nestas lutas.

Com apenas a idade de 16 anos, D. Sancho é armado cavaleiro pelo pai, dois anos, depois o rei associa o filho, D. Sancho no governo do reino, nomeadamente na gerência da defesa de Évora, onde os cristãos assistiam ao repovoamento de Beja pelos muçulmanos.

Com 24 anos, comanda a expedição a Sevilha sozinho.

Em 1180, D. Sancho tem a sua primeira grande derrota que se deu perto de Ciudad Rodrigo, na Batalha de Arganal, frente ao exército do reino de Leão.

Em 1185 deu-se a coroação de S. Sancho, em Coimbra.

Com mais de 45 anos de reinado, D. Afonso Henriques morre. Lutou até ao fim da sua vida.

D. Sancho ficou conhecido como o “Povoador”, porque povoava as várias localidades, criando condições para a população. Iniciou assim, um processo de doações, remetendo muitas vilas à protecção das ordens militares, que se tornavam donatárias e defensoras das suas gentes. Também concedeu cartas de foral a muitas terras, criando assim, privilégios ao povo e ao mesmo tempo dava estabilidade a que as populações para se mantivessem nas localidades.

Deu ordem para se reconstruir as muralhas da fortaleza, terá criado uma carta de privilégios de Torres Novas, contendo um código jurídico, com o objectivo de tomar conta da vida pessoal e económica da povoação, ou seja, o Foral.

Nesta altura havia três estratos sociais, o povo, o clero e a nobreza.

As povoações cresciam e desenvolviam-se em torno da protecção do senhorio, fosse ele do clero ou da nobreza.

O senhor, o dono das terras criava com os camponeses uma relação de interdependência, ou seja, ele dava-lhes a protecção e seguranças e eles trabalhavam nas suas terras, alimentando-se deles mas pagando uma percentagem dessa produção. A isto chama-se “feudalismo”.

Nem sempre, esta relação de interdependência se verificava da forma mais correcta, havendo situações de abuso de poder e de exploração, por parte do senhor. O povo nestas situações recorria ao rei, mas depois como resultado disso, o senhor castigava. Mas isso era muito raro acontecer e a verdadeira importância de que se revestia a concessão de foral a uma povoação.

Primeiro, elevava essa povoação e sua gente a um estatuto distinto, uma vez que tinha a atenção do rei e que passava a ter dependência jurídica deste. Por outro lado, o facto de ter uma “legislação” própria contribuía grandemente para salvaguardar os abusos senhoriais, que assim, não cumprissem os foros, também estariam em falta para com o próprio rei.
Por fim, ordenava o dia a dia dessas vilas, contribuindo assim, para a paz e estabilidade social.

Por isso, D. Sancho deu grande importância a Torres Novas, prestando-lhe um serviço, cujo agradecimento foi o seu busto erigido em pedra é apenas um símbolo.

De 1190 para a frente, a vila de Torres Novas tornou-se um município de pleno direito, fazendo dela um enorme crescimento, do qual viria a ser uma das capitais da Estremadura medieval.

D. Sancho morre a 26 de Março de 1190. Depois de 26 anos de reinado, à frente de muitas lutas, D. Sancho deixa um tesouro abundante e um país organizado política, administrativa e economicamente.

Os restos mortais encontram-se no mosteiro de Santa Cruz, em Coimbra ao lado do túmulo de seu pai.

Figura 5 – Túmulo de D. Sancho I

Torres Novas e o turismo


O turismo rural tem vindo a crescer devido à hospitalidade da região.

No Jardim Municipal encontram-se as piscinas, que servem à prática desportiva de muitos atletas.

Torres Novas foi também conhecida pela prática da pesca desportiva.


Figura 6 – Poster da Feira Internacional do Figo Preto


O Castelo

Figura 7 – Castelo de Torres Novas


Não se sabe ao certo onde começam as origens do Castelo de Torres Novas, mas pensa-se que terá sido ocupado na época pré-medieval.

No século XIV, no reinado de D. Fernando, fazem melhoramentos no Castelo para ampliar a cerca da vila.

Em 1755, o terramoto causou diversos danos no castelo, que este foi abandonado e voltaria, ainda a sofrer mais danos durante as invasões franceses.

O Castelo de Torres Novas é classificado como Monumento Nacional. É o ex-libris da cidade.

A entrada do castelo podemos ver uma estátua de D. Sancho, esculpida por João Cutileiro durante as comemorações dos 900 anos do Foral, concedido Torres Novas.

Tornou-se um lugar de passeio e lazer por estar extremamente bem cuidado e devido à sua localização, que nos proporciona uma bela vista sobre a cidade.



O Museu Municipal



Figura 8 – Museu Municipal Carlos Reis


O Museu Municipal Carlos Reis foi fundado por Gustavo de Bívar Pinto Lopes em 1937.

O museu encontra-se situado no centro de Torres Novas, no Largo do Salvador e conta com um espólio bastante diversificado.

Mostra quadros de artistas do século XIX e de princípios do século XX, uma imagem do século XV de Nossa Senhora e de colecções de arte sacra e arqueológicas, muito valiosas, em especial, moedas e objectos de cerâmica e de bronze.

Estes últimos encontrados nas ruínas romanas de Vila Cardílio, também uma das atracções do concelho.

Figura 9 -Vila Cardílio

Informação:
Monumento Nacional - Decreto 47508 de 24/01/67Estrada Municipal de S. António da CaveiraTorres Novas

Vila Cardílio encontra-se a 3 km de Torres Novas e datam do século IV da nossa era e ainda mantém os maravilhosos mosaicos policromos e banhos.



A Igreja da Misericórdia


Figura 10 - A Igreja da Misericórdia em Torres Novas



A Igreja da Misericórdia é a mais conhecida, devido ao seu portal renascentista, azulejaria do tipo “tapete”, pinturas nos caixotões do tecto e um belo presépio setecentista.

Rodeada de uma paisagem única do Parque Natural da Serra de Aire e Candeeiros, a cidade de Torres Novas possui uma beleza muito própria.

As suas ruas apresentam-se animadas e as várias igrejas que vamos encontrando, têm uma imponência significativa não só para os locais, como para os visitantes.




O rio Almonda

Figura 11 - O rio Almonda

O rio Almonda é um rio português. Nasce na Serra de Aire a 5 km a noroeste de Torres Novas.

No seu trajecto de 30 km atravessa os municípios de Torres Novas e da Golegã e vai desaguar na margem direita do Tejo.
O rio Almonda passa por Moinho da Fonte, onde nasce, depois entre a Ribeira Branca e a Ribeira Ruiva, banha a povoação de Lapas, atravessa a cidade de Torres Novas e desagua, como já disse no Tejo, no sítio da Igreja Grande, concelho da Golegã.

O rio teve uma importância decisiva no desenvolvimento agrícola e industrial do concelho de Torres Novas. Para comprovar este facto é a existência de antigos moinhos ao longo do percurso do rio, que são movidos pelas suas águas.
Dentro da cidade de Torres Novas existe uma pequena central hidroeléctrica, onde se produzia electricidade a partir das suas águas.
Houve tempos que aqui se pescava abundantemente, o que levou a que se realizassem, durante algumas décadas, campeonatos de pesca desportiva.

Nos dias de hoje, o Almonda tem como finalidade as actividades de recreio e turismo, como os passeios de barco e as zonas de lazer junto às margens, em Torres Novas.


Torres Novas e a sua evolução económica

O concelho de Torres Novas tem desenvolvido mais no sector da economia.

Houve uma progressiva diminuição da população activa, ou seja, nos últimos trinta anos, era o sector primário que tinha maior percentagem de população trabalhadora.

Nas actividades extractivas, a produção era liderada pela agricultura, sobretudo a figueira, a oliveira, a vinha e milho. E no sector da pecuária era a criação do gado suíno.

Nas actividades transformadoras, tem maior importância as unidades agro-industriais (alimentares, aguardentes e azeites), metalúrgicas, metalomecânicas, papel, madeira e têxteis.

Em 1845, foi fundada uma das maiores fábricas de fiação é a Companhia Nacional de Fiação e Tecidos de Torres Novas, mais conhecida como Torres Novas pela marca que usa. É uma marca registada, conhecida dentro e fora de Portugal.
Torres Novas é sinónimo de qualidade e bom gosto, onde é sempre uma referência portuguesa.
Torres Novas é uma empresa do ramo têxtil que produz atoalhados e roupões em tecido turco.
A política de qualidade da marca faz com que os clientes associem à qualidade, tanto nos produtos como nos serviços.

Têm três requisitos para atingirem o seu objectivo, a realização pessoal de todos aqueles que trabalham para a marca; criando e desenvolvendo oportunidades de negócios com os fornecedores e por último respeitar o meio ambiente.

Nas actividades do sector terciário tem havido um crescimento notável, abrangendo todas as áreas do seu âmbito.

Actualmente, o concelho de Torres Novas tem 17 freguesias

- Alcorochel
- Assentis
- Brogueira
- Chancelaria
- Lapas
- Meia Via
- Olaia
- Paço
- Parceiros de Igreja
- Pedrógão
- Riachos
- Ribeira Branca
- Salvador
- Santa Maria
- Santiago
- São Pedro
- Zibreira


Apesar do rápido e moderno desenvolvimento industrial, nos vários sectores, Torres Novas não esquece as raízes e isso vê-se pelo artesanato, especialmente no campo da olaria na aldeia de Árgea.

Além da cerâmica, podemos ainda, referir os trabalhos em madeira, a renda, o bordado e a pintura ingénua.

Hoje em dia, o Mercado Municipal dispõe de uma loja, onde os torrejanos podem expor e vender os seus artigos.

A cidade de Torres Novas é a cidade do distrito mas contemplada por superfícies comerciais. Existe:
- Centro Comercial Continente
- Centro Comercial Modelo
- Centro Comercial Intermaché
- Supermercado Lidl
- Centro Comercial Pingo Doce
- Centro Comercial TorreShoping
- Centro Comercial Retail Park


Torres Novas também conta com dois jornais regionais, O Almonda e o Jornal Torrejano. Qualquer dos jornais pode ser consultado na internet.

Uma rádio local, a Torres Novas FM.

A Escola Prática de Polícia está hoje onde foram as antigas instalações do regimento de cavalaria Nº 1 em Torres Novas.

A Escola Prática de Polícia é uma instituição dependente da Direcção Nacional da Polícia de Segurança Pública.

O Teatro Virgínia é um espaço artístico. Durante o ano o teatro oferece à cidade e às populações vizinhas vários espectáculos culturais.

O Teatro Virgínia tem um Café Concerto, onde se realizam espectáculos mais pequenos, como concertos, serão de contos, debates e conversas. Também conta com pólo educativo que oferece ao público em geral várias actividades ligadas e pensadas a partir dos espectáculos.

O Teatro Virgínia é um dos elementos que integra o vasto desenvolvimento cultural para a cidade de Torres Novas, que incluí a futura Biblioteca, o Centro de Ciência Viva, o Museu e o Palácio dos Desportos.


Figura 12 – Teatro Virgina


A gastronomia


A gastronomia da região é muito rica e variada.

Todos os anos, na primeira quinzena de Outubro realiza-se a Feira Nacional dos Frutos Secos.
É uma feira com uma vertente tradicional e cultural muito forte.
Conta com mais de uma centena de expositores de frutos secos, doçaria, charcutaria, licores, vinhos, artesanato, maquinaria, entidades oficiais, empresas, divertimentos exteriores e tasquinhas de gastronomia regional.

Todos os anos realizam em Março o Festival Gastronómico do Cabrito. Vários restaurantes associam-se a este evento.
Durante 15 dias, os visitantes poderão ficar a conhecer e degustar as várias iguarias cozinhadas à base de cabrito.

Quem visita Torres Novas no decorrer do festival pode fazer uma viagem entre a criatividade e a tradição, constituindo um estímulo à sensibilidade dos cinco sentidos.
Os sabores culinários onde a ruralidade transpira, resultado afinal do património imaterial do “saber-fazer” tradicional, genuíno das nossas gentes do Ribatejo Norte.

Como pratos típicos da terra temos o “Requentado com Bacalhau Assado ou Petinga Frita”, as “Migas à Pescador” e o “Cabrito Assado”. E como sobremesas temos o “Bolo de Cabeça” (anexo 1), as “Merendeiras” (anexo 2), o “Doce de Amêndoa”, os “Pastéis de Feijão” e o Figo. E nas bebidas, a especialidade é a Aguardente de Figo.

8 comentários:

Chuva de livros on 07:32 disse...

Bem Ana

Só posso dizer que esta magnifico.
Beijinho

Ana Isabel Pedroso on 08:05 disse...

Obrigada Marta!!!
Dá trabalho, mas depois sabe bem ver o resultado!

E fiquei a saber tanto sobre a terra onde nasci e vivi lá até aos 5 anos.

Bjs!!!

Anónimo disse...

Eu sei linda...

Eu não me esqueci de ti, n te preocupes ;)
Estou a espera da base do marcador de livro, estão esgotados :(

Mas eu arranjo, não te preocupes!

Beijinhos*

Zé Guita on 00:50 disse...

... a felicidade pode ser feita com pequenas coisas...
Nado e criado até aos 21 anos em Torres Novas e desde então peregrino, hoje, passados os 70, ao ver como está e evolui a "minha terra",sinto-me feliz. Alguns sonhos da minha adolescência foram mesmo largamente ultrapassados.
Bem haja pelo amor ao nosso berço.
Permita duas notas:
- conheci na "vila" a Escola Prática de Cavalaria, onde tive o privilégio de praticar hipismo pela mão do excelente homem e monitor Primeiro Sargento Carreira, e não o Regimento de Cavalaria 1;
- o saudoso Teatro Virgínia, cuja foto insere, foi o "palácio encantado" e o "castelo da fantasia" da minha infância, onde o porteiro senhor Paiva, pai do NIM meu amigo de brincadeira, amigavelmente deixava que eu me escapulisse para o banco corrido da "geral" sem pagar os 25 tosões que não tinha; foi substituido por uma primeira versão do actual e veio a ser criminosamente demolido aquilo cujo interior hoje seria um autèntico tesouro museológico.
Vai longa a arenga.
Parabens pelo blog!

Joana on 12:06 disse...

Olá Ana. Descobri este blog quase por acaso, na procura de blogs sobre literatura, e voilá: aqui perdidinho, um post sobre a minha terra natal também :) Beijinho

Anónimo disse...

precisava de saber a descriçao da bandeira de torres novas para o meu filho de 8 anos

Anónimo disse...

encontrei este blog por mero acaso quando andava à procura de um mapa onde estivessem assinalados os pontos de interesse para dar a uns amigos meus que vão visitar a cidade. Vivo longe mas s
empre que posso passo lá, de preferência à 3ª feira por causa do mercado.
Nasci nesta nossa cidade (ainda vila) há 52 anos na casa dos meus avós paternos na Rua das Chãs e o meu maior orgulho é poder dizer que sou Torrejana!
Parabéns pelo post

Ana Isabel Pedroso on 11:18 disse...

Olá.

Obrigada pelos vossos comentários ;-)

Apesar de só ter vivido em Torres Novas até aos meus 5 anos, sinto uma ligação e um orgulho de ser desta terra. Também sempre que tenho oportunidade e vou para aqueles lados, faço questão de entrar em Torres Novas e passar na rua onde vivi, Bairro das Tufeiras.

Boa continuação!!

 

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