segunda-feira

"À procura de um lugar" de Fátima Marinho

Publicada por Ana Isabel Pedroso

Já li o livro! Por ser um livro pequeno e pela história, resolvi colocá-lo como prioridade em relação às minhas outras leituras.
Gostei muito!
É um livro que nos toca! Tanto nos faz ficar com um sorriso nos lábios, como com os olhos rasos de lágrimas.
Página 55, quando os pais de Vicente levam o irmão ao pedopsiquiatra e este pergunta como íam as coisas na escola, se havia problemas na família e se ele tinha algum medo. As respostas de Francisco não eram lá muito esclarecedoras, até que a mãe disse para ele falar que tinha um irmão diferente:
«- Diz-me, Francisco. Diz-me a verdade, gostas do teu irmão?
Um silêncio perturbador varreu a sala. Francisco calou-se e, uns segundos depois, respondeu.
- Bem, gostar, gostar, não gosto. Eu, eu...eu...eu adoro-o!
Dos olhos da mamã e da madrinha romperam fios de dor líquida e foi a custo que o médico conteve os olhos brilhantes de tal cloreto de sódio.
Sei que o meu irmão me adora.»
Página 56, está a mãe na cozinha a pôr a mesa para o jantar quando Francisco dá a conhecer os seus planos para o futuro:
«- Olha, mamã, cada um terá os seus guardanapos e os seus talheres, em gavetas individuais. Uma gaveta para mim, uma para a minha mulher, uma para o Vicente e uma para cada um dos meus filhos.
- Isso se a tua mulher deixar o Vicente viver lá em casa. Mas, já imaginaste se ela não o quer? - perguntou a mamã.
- Ora essa! - respondeu prontamente, o meu maminho. - Se ela o não quiser, sou eu que a não quero a ela e está o caso resolvido. Peço o divórcio e caso com outra.
A mãe ficou com o coração apertado por sentir que, sem ainda ter feito dez anos, o Francisco já imagina, até ao mais delicado pormenor, como será a sua vida repartida com a minha.»
Página 63, quando inscrevem o Vicente no mesmo Colégio que o irmão frequentava há 6 anos:
«- Não posso aceitar esta matrícula.
- Não pode? Porquê? - perguntou a mamã aflita e incrédula.
- Ordens superiores. O seu filho tem trissomia 21. Não posso aceitar a matrícula.
...
- A senhora não tem que ficar melindrada com o Senhor Director dos Serviços Administrativos. Ele até intercedeu em favor da matrícula. Fui eu que não a aceitei. Sou director deste Colégio. Posso recusar e expulsar alunos que não reúnam condições para o frequentar. Há um Regulamento Interno que prevê esta determinação. O seu filho é deficiente e eu não quero deficientes no Colégio.
...
- Mas, diga-me, como vou explicar ao meu filho mais velho que o irmão que ele adora, não pode vir para o Colégio que ele adora?
- Problema seu, minha senhora. - foi a resposta pronta do Senhor Padre, director de um colégio católico.»
Ao ler este livro tomamos consciência das dificuldades por que passam as famílias com crianças deficientes.
Temos de mudar as mentalidades!
Leitura obrigatória!!!!!!

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