Título: "O mistério das coisas erradas"
Autora: Fátima Marinho
Prefácio: Margarida Pinto Correia
Revisão: Fernando Dias Antunes
Ilustração: Bibiana Grave
Direitos autorais cedidos à Fundação do Gil.
Sinopse:
A crónica serve de âncora a relatos sobre a infância. Relatos fiéis cuja crueldade e, às vezes, a ternura ferem até as palavras. São memórias da infância captadas pela surpresa de quem guarda muitas crianças por dentro e à flor da pele. O quotidiano escolar serve de chão ao desafio de espreitar o mundo infinitamente sábio da meninice.
Excerto:
Conto - Às vezes, a fraqueza cresce e fica forte
"Foi encontrado pela polícia, que o pai chamou depois de esperar infindáveis horas com o olhar perdido na porta que servia a casa. Estava roxo e coberto de excrementos. Tolhido no medo que só noites de fome e abandono sabem escrever na pele...
... Foi de exaltação e júbilo o salto que deu, ao perceber que os seus traços eram semelhantes aos dos colegas, e que era capaz de reconhecer os sons com que se construíam as palavras. Aprendeu numa semana o que os colegas aprenderam num mês e destruiu assim a suspeita da sua incapacidade.
O Rui resistiu ao abandono da mãe, à fome, ao frio e à dor.
Resistiu também ao rótulo de deficiente que a bonomia e a pacatez, servindo hipoteticamente as melhores causas, alimentam. Conheci, por acaso, o milagre de resiliência operado pelo Rui e descobri que, às vezes, a fraqueza cresce e fica forte."
Outras Opiniões:
"Fátima Marinho junta-se à Fundação do Gil com "O mistério das coisas erradas", um mistério que também nos trespassa, um pressuposto igualmente comum na melhoria da vida de todas as crianças.
Sensibilidade e profundidade. A inspiração, bem como realidades menos felizes, são alguns dos ingredientes constantes na obra de Fátima Marinho. Aprendemos a olhar para o lado menos risonho, dando-nos conta da necessidade de reinventar apoios e atenção permanentes às crianças, para podermos um dia fazê-las olhar para o lado mais colorido da vida." - Fundação do Gil
"Fátima Marinho faz prova, uma vez mais, da sua intranquilidade e manifesta incapacidade de resignação face "às coisas erradas".
Esta obra marca mais uma etapa no percurso pessoal e profissional da autora, o qual se tem pautado pela defesa de valores, princípios e direitos.
Navegando num terreno de poesia, pretende agitar consciências para que o direito à infância seja uma realidade." - Filomena Pereira, Directora de Serviços da Educação Especial da Direcção-Geral de Inovação e de Desenvolvimento Curricular do Ministério da Educação
"O mistério das coisas erradas revela uma preocupação solidária com os direitos das crianças doentes ou sem meio familiar adequado que merece toda a nossa atenção. Escrito com rara sensibilidade por Fátima Marinho, alerta para a necessidade de medidas permanentemente de apoio à criança, nem sempre equacionadas entre nós como prioritárias". - Daniel Sampaio, Professor de Psiquiatria da Faculdade de Medicina de Lisboa
"Fátima Marinho em "O Mundo das Coisas Erradas" atira-nos para o regaço, literalmente, um mundo que não estamos habituados a afagar.
A dureza e o belo das experiências e das vidas que nos desvenda, sem falsas comiserações, sobressalta-nos, desperta-nos para uma realidade a que tantas vezes nos furtamos. O conforto do mundo das coisas certas entorpece-nos; o mergulho, que se aconselha, neste "Mundo das Coisas Erradas" tudo transforma e reveste de novos coloridos de humanidade.
Fátima Marinho revela-se, mais uma vez e sem surpresa para quem a conhece, com a grandeza de alma e avidez absoluta, quase obsessiva, por causas de paz e felicidade, para todos.
Assim aconteceu enquanto foi, simultaneamente, Professora dos seus meninos-mundo e Coordenadora da área bullying do Espaço "Convivência nas Escolas" na Associação Nacional de Professores. Um Espaço e uma voz tantas vezes incómodos, mas... a felicidade, a esperança e o acreditar num mundo melhor tudo suplantam." - João Henrique Grancho, Presidente da Associação Nacional de Professores
"O Mistério das Coisas Erradas" revela-se um livro verdadeiramente tocante. Faz ouvir tantas palavras caladas de meninos portadores de Trissomia 21, que muitas vezes não temos a nobreza e a capacidade de entender. Não é preciso um coração grande para o ler; basta entender as palavras delicadas que o narram e depositar no dia de amanhã a ajuda que outros precisam ao longo de uma vida. " - Bibiana Grave, Ilustradora do livro "O Mistério das Coisas Erradas"
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