Que força misteriosa leva crianças inteligentes e curiosas a não utilizar, no enquadramento escolar, os meios de que dispõem?
Para além de se pôr em causa o sistema e os métodos pedagógicos, apercebemo-nos de que é a própria situação de aprendizagem que desencadeia medos que perturbam a organização intelectual. O confronto com as regras e a autoridade, o encontro com a dúvida e a solidão, inerentes aos processos de aprendizagem e do pensamentom despertam então uma inquietação demasiado profunda contra a qual é ilusório querer lutar com os instrumentos pedagógicos habituais. Aprisionar os medos, dar-lhes uma forma aceitável pelo pensamento a fim de não determinarem a ruptura dos procedimentos intelectuais, eis a condição indispensável para reconciliar essas crianças com o saber escolar.
O recurso a temas culturais que podem metaforizar estes receios parece ser um excelente meio para libertar o desejo de saber de percepções pessoais demasiado dominadoras. É nesse sentido que Serge Boimare se apoia nos romances de Júlio Verne para abordar a matemática ou a gramática e na Bíblia ou na mitologia para ensinar a ler e a escrever. Através de exemplos precisos e minuciosos, o autor mostra a que ponto a restauração da função imageante é uma fase indispensável se se quiser ajudar estas crianças que sofrem de dificuldades de aprendizagem, a acederem à dimensão simbólica.
É um livro interessante, onde um professor nos relata a sua experiência com alunos, com alguma dificuldade na aprendizagem.
2 comentários:
Gostei muito de lê-lo!
Estou anciosa para lê-lo. Será de grande ajuda para o meu texto monográfico.
obrigada!
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